O AMOR-PRÓPRIO!
Quero prestar uma homenagem Ao Grande Mestre de todos os Mestres e de todos os tempos - Jesus Cristo – Issa, a sua Família Sagrada, todos os seus seguidores que foram perseguidos, martirizados e eliminados…em nome de uma doutrina de sangue…
«…Os Cátaros diziam que a ressurreição era uma mentira, que a doutrina do sangue derramado de Cristo para comprar a redenção da humanidade era o produto de mentes negras e corruptas.» As Filhas do Graal de ELIZABETH CHADWICK.
Nota da autora no fim da obra:
…Durante o décimo segundo e décimo terceiro séculos na Europa, manifestou-se um crescente descontentamento com a Igreja estabelecida. As pessoas pensavam que os padres se tinham tornado demasiado corruptos e mundanos. As seitas religiosas que tinham como objectivo «voltar aos aspectos básicos» proliferavam. Algumas, como o movimento dominicano, ou os franciscanos, tinham a sanção da Igreja Católica. O papa admitia que havia lugar para as reformes, desde que se desse sob o controlo de Roma.
OS CÀTAROS não se conformavam com essa filosofia; de facto, rejeitaram-na inteiramente e foram por isso vistos como hereges e uma ameaça á ordem estabelecida.
Os cátaros eram dualistas. Acreditavam em duas deidades. Em termos gerais, isto significava que adoravam um Deus bom, benevolamente e completamente afastado dos desejos e turbulência do mundo. Também acreditavam que ele tinha um homólogo maligno – Rex Mundi - que presidia sobre tudo o que era carnal e materialista. Rex Mundi como sugere o seu título latino, era o «Rei do Mundo» e pode ser toscamente comparado com o Deus do Antigo Testamento.
Os cátaros acreditavam que, cada vez que uma criança humana era concebida um espírito puro era retirado do reino de Deus bom e forçado a entrar na carne da criança. Por conseguinte, o espírito era aprisionado e gradualmente, por causa da contaminação da sua vida terrena, esquecia as suas origens puras e ficava atolado nos pecados da carne. Apenas se vivesse uma vida exemplar podia o espírito retornar á sua fonte desagrilhoada. Isto envolvia para os cátaros a tomada de rígidos votos. Um cátaro dedicado era celibatário, vegetariano e não possuía quaisquer bens. Numa altura em que uma cronista podia dizer de um importante bispo católico que «o seu coração era um banco», as pessoas comuns tendiam a procurar os cátaros em busca de conforto espiritual.
A Igreja Católica condenava os cátaros, cujos rituais eram simples e cujos métodos de adoração eram vistos como blasfemos. Os cátaros por exemplo, adoravam onde quer que se reunissem, não num lugar especialmente consagrado á oração. As mulheres podiam ser ordenadas. Não acreditavam no beatismo nem no casamento, e viam a ideia de Cristo a sofrer na cruz para redimir os pecados de todos como uma falsidade e uma perversidade. As suas ideias eram tão diferentes das da Igreja estabelecida que estavam destinadas a entrar em conflitos com os seus líderes. Mas foi só quando o movimento cátaro começou a reunir devotos suficientes para ameaçar o poder de Roma que o papa decidiu agir.
Os senhores do que é hoje em dia o Sul da França eram tolerantes para com o cátarismo. Tinham uma visão mais liberal do que os seus homólogos no Norte da Europa, e permitiam que cátaros, judeus e muçulmanos prosperassem nas suas comunidades. A sua cultura e sociedade ainda continha vestígios do domínio do Império Romano, e falava uma língua diferente da do Norte – o occitano. Por causa das ligações comerciais com o Mediterrâneo e o Oriente, eram um povo abastado e cosmopolita. Deles era a terra dos trovadores, da cultura e do amor cotes. Os mais rudes senhores do Norte invejavam um tal estilo de vida para si mesmo.
Era quase inevitável que a riqueza do Sul, aliada á sua tolerância religiosa, trouxesse infelicidade aos senhores. O papa Inocência III tentou força-los a purgar as suas cidades e as suas aldeias dos cátaros. Quando rejeitada a sua pretensão, invocou uma cruzada que os senhores da guerra da Europa do Norte tiveram todo o prazer de se juntar.
O soldado que liderou os cruzados a vitória após vitória sobre os exércitos sulistas foi Simon de Monfort, um barão francês que ansiava por terras e tinha as competências militares para as tomar. Um general soberbo e energético, que tomou o controlo de grande parte do Languedoc, desapossando para isso as casa governantes existentes.
Ele foi morto em 1218 sob as muralhas de Toulouse e, como mencionado em Filhas do Graal , foi de facto atingido por um tiro certeiro no crânio de uma catapulta operada por uma mulher.
As atrocidades da guerra cátara são também retiradas da Historia. Toda a população de Beziers foi massacrada, num total entre dez a quinze mil homens, mulheres e crianças, tanto cátaros como católicas. Geralda de Lavaur foi atirada para um poço e apedrejada até a morte. Em outras cidades capturadas, os cátaros foram queimados ás centenas.
A prova final do catarismo no Sul da França teve lugar em Montségur, um castelo construído no cimo de uma montanha nos contrafortes dos Pirenéus. Muito se tem escrito sobre esse castelo, o cerco e o mistério que rodeia os cátaros. Abundam os rumores de que eles se encontravam na posse de um fabuloso tesouro. Isto tem sido interpretado como consistindo no tesouro do templo de Salomão, ou talvez em inestimáveis livros cheios de erudição esotérica e cabalística. Especula-se também que os cátaros poderiam ser os guardiões da sagrada linhagem de Jesus Cristo, Seja qual for a verdade nestes temas, a Igreja Católica estava determinada a exterminar os cátaros de Montségur.
No seguimento de um cerco que durou nove meses, a guarnição rendeu-se. Mais de duzentos cátaros foram conduzidos a um campo ao fundo da montanha e ali queimados em massa até a morte.
Ai se encontre hoje uma pedra memorial, adornada na sua base com flores frescas e grinaldas. O povo de Languedoc ainda recorda. Eu própria subi á montanha no decurso das minhas pesquisas e explorei o que resta das muralhas. Há uma quietude e um silêncio nesse lugar, uma tranquilidade que demente o seu passado sangrento, e das suas diminuídas ameias, estendem-se os Pirenéus para além do alcance da vista em cores tão camaleónicas como os humores do céu.
Sem comentários:
Enviar um comentário